De uma semente de papel

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Árvoes 1

“De um livro nasce sempre alguma coisa, quando e como ninguém sabe direito, mas deixa certamente uma marca que antes ou depois…” escrevi durante o curso Universi inattesi (universos inesperados) dedicado ao livro ilustrado como fonte de ideias e projetos.

E graças ao livro Quando nasci, de Isabel Minhós e Madalena Matoso (Tordesilinhas, 2011) pouco a pouco, cresceu silenciosa uma floresta de papelão, repleta de sementes de papel e habitada por famílias de passarinhos coloridíssimos.

Quando nasci-capa Quando nasci é um livro daqueles muito ricos, feito para tomar consciência de como o mundo é belo e como é belo quem o habita e o vê. As palavras de Isabel Minhós Martins e as ilustrações de Madalena Matoso dão vontade de fazer, conhecer, descobrir.

A força gráfica da capa mexeu comigo imediatamente. Depois foi um clic!, e assim comecei a trabalhar em casa, com meus filhos. Que bonito é ver pequenos pedaços de papel colorido ganhar vida, cada um com a sua personalidade.

Árvoes oficina
Árvoes oficina

Estava descobrindo algo que devia dar outros frutos o que percebi observando o que meu filho Pietro estava fazendo na escola.

Árvores oficinaEsta página do caderno e o trabalho sobre a família me fizeram pensar, e foi assim que ofereci uma oficina na escola. Para preparar a atividade, acrescentamos outras leituras e reflexões, para enriquecer o percurso que a turma já estava fazendo.

Por exemplo, este livro, História de uma árvore, de Émilie Vast, particularmente, contém referências que acabaram nos cadernos das crianças.

Agora já podíamos começar!

Árvores oficina
Árvores oficina

Dei a cada criança uma árvore de papelão e um monte de retalhos de papel para trabalhar, além de duas palavras: “cuidado” e “delicadeza”, que deveriam levar em conta durante a atividade; por fim, uma pastinha de papelão vermelho que cada um produziria e decoraria para levar o trabalho pra casa.

Recortar o papelão não foi fácil!

Árvores oficina
Árvores oficina

Mas, devagarinho, o esforço trouxe resultados que nos deixaram contentes e, depois, observando bem os recortes de papel, apareceram criaturinhas que esperavam só o nosso olhar para surgir.

Árvores oficina
Árvores oficina

Eis algumas das 26 crianças que participaram sabendo muito bem o que fazer:

Árvores oficina
Árvores oficina

E eis os habitantes das 26 árvores, com muitos dos seus familiares, todos muito bem identificados:

Árvores oficina

Em cada árvore vive uma família diferente. E cada pedacinho de papel, agora, tem algo para contar.

Ároves oficina
Árvores oficina

Esta é a pasta para levar o trabalho para casa:

Árvores oficinaStefania Mascali, professora da classe da Escola Primária Pilo Albertelli de Parma, conta um pouco sobre o significado deste trabalho:

Este ano estamos estudando a história através da descoberta de um passado relativamente próximo. Para entender melhor, não se pode prescindir da utilização de documentos e testemunhos; as pequenas coisas de todo dia, contadas a viva voz por quem as viveu, nos ajudam a compreender o curso da história. Interrogar os pais ou os avós para escutar, confrontar e refletir, foi utilíssimo. Os mais velhos são os depositários naturais do passar do tempo, da história oral que marcou desde o início o desenvolvimento do Homem.

Árvores oficina
Árvores oficina

Preparamos entrevistas que as crianças fizeram em casa e na escola. Trabalhamos junto às avós fazendo pão, observamos com alguns pais e mães objetos de uso comum em um passado recente, mas que já parece distante. Usamos fontes orais, escritas, iconográficas e materiais. Atingimos o coração da história de cada um de nós: a família. Depois de várias conversas e considerações suscitadas por inúmeras leituras, representamos a nossa família através do desenho e também através da representação da árvore genealógica.

Como observa a estudiosa Christiane Klapisch-Zuber, “A árvore serve através dos séculos para representar o grande corpo que é uma linhagem, uma descendência. Como uma árvore, uma família nasce, se desenvolve, se ramifica, se seca”. Nós, como a árvore, nascemos de uma semente que floresce, cria raízes e continua a se fortalecer.

Árvores oficinaPara o Natal, decidimos fazer uma árvore, a nossa árvore.

Nos comparamos aos passarinhos porque fazem ninho nas árvores, encontram nela o seu habitat, ali criam seus filhos e vivem grande parte de suas vidas. Encontramos na nossa família-árvore uma proteção, uma casa, nutrição, acolhida, segurança, amor.

As crianças se entusiasmaram, participaram e fizeram um trabalho muito sério. Para mim, foi belíssimo, ao ponto de esquecer depressa a dificuldade que foi fazer as árvores no papelão.

Obrigada a todas as crianças que participaram!!!

No final daquele belo dia recebi um presente: Valeria, num piscar de olhos, me fez um desenho, no meio da confusão geral da turma preparando-se pra sair. Sem pensar, com a caneta mesmo, fez isto, que é a prova de como as coisas belas entram na alma de quem tem possibilidade de vê-las. Se tivesse tido mais tempo, quiçá…

Tradução Claudia Souza

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  • Monica Monachesi

    Especialista em ilustração, é curadora de em>Le immagini della fantasia, Mostra Internacional de Ilustrações para Crianças em Sàrmede, Itália. Trabalha para editoras como diretora de arte. Como designer projetou brinquedos e fez cenários para produções ligadas a exposições dedicadas à ilustração. Escreve para revistas e blogs especializados. Participa como jurado em concursos internacionais. Gosta de descobrir sementes de papel que pode trazer pensamentos e desejos e compartilhar esses resultados com os adultos e as crianças.

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